sábado, 16 de junho de 2007

O que acontecia no mundo e na minha vida - Parte III - Curso Ginasial

Enquanto eu fazia o curso ginasial, o Brasil passava por uma ditadura militar bastante dura. Havia denúncias de tortura, mas isso eu só fiquei sabendo depois, quando fiz o curso de História. Eu achava que o Brasil era o país do futuro, e as crianças do Brasil eram o próprio futuro, e eu era uma criança, então estava tudo ótimo.
Mas o que eu mais me lembro foi, em 21 de junho de 1970, o Brasil derrotando a Itália por 4 x 1 no México, conquistando o tricampeonato e a Taça Jules Rimet. Esta foi a despedida de Pelé das Copas do Mundo. A taça depois circulou pelo Brasil, e eu fui ver quando ela esteve em Porto Alegre. Alguns anos depois ela foi roubada, não lembro se acharam, ou se ficamos apenas com a cópia.
Durante o período do ginásio, havia um brasileiro, chamado Mequinho, que foi campeão de xadrez várias vezes, no mundo todo. Lá no Ginásio Inácio Montanha as professoras estimulavam a gente a jogar xadrez, eu me associei num clube, e passei vários anos jogando, junto com colegas, virou até uma espécie de vício. Hoje em dia eu as vezes jogo xadrez contra o computador.
No dia em que eu me formava no ginásio, 30 de dezembro de 1972, nascia o ator Selton Mello. Muitos anos depois, eu passei diversas vezes o filme A Invenção do Brasil, onde ele é um dos atores principais, para os meus alunos.
Ao longo do curso primário, e durante o ginásio, eu sempre participei dos desfiles de sete de setembro. Algumas vezes com bicicleta. A gente ensaiava pelas ruas do bairro, depois desfilava, e era um tal de bandeira, colocar fitas, escutar os apitos das professoras para fazer as coreografias, fantasia de herói nacional, papel crepom verde e amarelo em toneladas, desenhar cartazes, levantar faixas, cantar, dar gritos, pular! Quando participo de passeatas hoje em dia me dou conta que aprendi algo sobre manifestação de rua em desfiles de sete de setembro, embora com o sinal ideológico trocado. 
No primário, como Felipe de Oliveira foi poeta, a gente recitava coisas dele, sem ter quase a mínima ideia do que aquilo queria dizer, mas era muito legal!

7 comentários:

Unknown disse...

Lendo sua história, lembro muito da minha!
Mas como terminou o ginásio em 72? O primário em POA não era de 6 anos? Eu entrei na 1ª série em 63 e tb terminei o ginásio em 72, sem repetir nenhum ano.
Um abraço!

Fernando Seffner disse...

O meu primário foi de 5 anos, e tive alguns colegas que pularam o 5º ano, e foram direto para a 1ª série ginasial. Eu não quis fazer isto, gostava muito da escola primária. No total eu fiz 1 ano de jardim, 5 anos de primário, 4 de ginásio, 3 de científico, e depois anos e anos de faculdade. Abraços.

isabel disse...

Profe!
Em 72 eu tinha um ano. Gostaria de me lembrar tão detalhadamente de tantas coisas como você. Acho legal isso. Poderia me dar algumas dicas de como exercitar a memória neste sentido?Aguardo resposta.Tchau!Isabel Machado

Kelli Mattes disse...

Professor, lendo seus textos, muito bem redigidos, senti-me assistindo "Forrest Gump" (não lembro se a escrita é essa), onde os marcos da História vão passando pela vida do personagem principal. O que mais me chamou a atenção foi a sua observação sobre a época da ditadura...total desconhecimento da crueldade da época...essas manipulações de massa me assustam. E são tão fortes, que há muitos que comentam que preferiam a Ditadura Militar, porque naquela época não havia corrupção (imagina!), nem bandidagem.

Sirlei disse...

Olá! Na época, eu tinha apenas 5 anos. Também não me lembro de fatos da época. Já assisti o filme Efeito Borboleta (os dois) e gostei muito. É um bom filme para indicar. Abraços.

Suzan Pereira David disse...

Oi professor!
Sua história me levou de volta ao dia 21 de junho de 1970. Foi neste dia que eu vi,pela primeira vez, meu pai chorar.
Eu tinha 13 anos e não me interessava por futebol, mas posso lhe garantir que aqueles 4x1 me emocionaram muito.
Obrigada pela lembrança!

Suzan Pereira David disse...

Oi professor!
Sua história me levou de volta para o dia 21 de junho de 1870.
Neste dia, pela primeira vez, vi meu pai chorar.
Eu tinha 13 anos e não me interessava por futebol, mas aqueles 4x1 foram emocionantes.
Obrigada pela lembrança.